terça-feira, 26 de abril de 2011

FGV e OiChina iniciam parceria

Com o forte crescimento econômico do Brasil e da China no cenário mundial, em 2011, a Fundação Getúlio Vargas e o Centro de Intercâmbio Brasil China (Curso OiChina) empreenderam parceria.

Uma turma nova de mandarim dará inicio na FGV, com previsão para dia 3 de maio.

Mais informação acesse: http://dint.fgv.br/pt-br/node/1251


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Só inglês e espanhol não bastam

Jornal: O Globo Data: 10 de abril 2011 Caderno: Boa Chance Autora: Paula Dias

Profissionais aprendem um terceiro idioma
para enfrentar desafios globais do Mercado


Não importa se o motivo é a competitividade no mercado interno ou o processo acelerado de internacionalização das empresas. O fato é que profissionais de áreas que antes dominavam apenas o inglês - e, em alguns casos, o espanhol - agora já estão correndo atrás do aprendizado de uma terceira língua. Não é raro encontrar administradores, engenheiros (de todas as especialidades), advogados e profissionais de comunicação e marketing em cursinhos de francês, alemão e até mandarim. O objetivo é conseguir negociar de igual para igual com parceiros internacionais e se preparar para possíveis desafios fora do país.

O nível de exigência das organizações em relação ao conhecimento de outros idiomas também mudou, afirmam especialistas e professores. Se um dia falar inglês já foi uma vantagem competitiva, hoje é pré-requisito. O espanhol, que já teve seu boom como segunda língua, está indo pelo mesmo caminho. Diante do cenário, dominar um terceiro idioma - de preferência estratégico para a empresa - pode ser o 'algo mais' necessário para conseguir uma vaga ou promoção.

Renato Grinberg, diretor-geral do portal de empregos Trabalhando.com e especialista em desenvolvimento de carreira e mercado de trabalho, conta que executivos que querem atingir posições de liderança já estão se preparando:

- Muitos falam inglês fluentemente, dominam o espanhol e agora sentem a necessidade de ter noções de um terceiro idioma para entrar em contato com parceiros e fornecedores de outros países. A escolha da língua, nesse caso, deve estar relacionada ao objetivo que o profissional tem para a sua carreira ou pelo perfil da empresa em que trabalha.

Mas a necessidade de falar até três idiomas - ou mais - não se restringe apenas a posições de gerência e direção. No caso de setores aquecidos da economia, como infraestrutura, turismo e óleo e gás, por exemplo, funcionários de nível operacional estão sendo desafiados a aprimorar ou adquirir conhecimentos em outras línguas.

É o caso do engenheiro de materiais Anderson Salustiano, de 29 anos. Formado pela UFRJ, com pós em 'Sistemas offshore' pela Coppe, o funcionário da Technip Brasil - empresa de soluções tecnológicas para exploração em águas profundas e instalações marítimas - trabalha na emissão de linhas de tubulação para a construção de navios-plataforma da Petrobras.
Fluente em inglês, o profissional (que também tem noções de alemão, italiano e mandarim) agora pretende retomar o curso de francês.

- Depois que comecei a trabalhar na empresa, que é francesa, e passei a ver outros funcionários falando em francês, não tive dúvidas: devia começar a estudar o idioma - diz Salustiano, que já fez algumas aulas particulares com outros colegas no trabalho. - Tenho certeza que falar várias línguas pode abrir portas. Ano passado, fiz um curso de especialização em Roma e, apesar de as aulas serem em inglês, boa parte dos alunos era da Itália. Acabei sendo apelidado de "dicionário” porque ajudava italianos com o inglês e traduzia algumas palavras em alemão para o francês.


Procura por mandarim cresceu 32% em 2 anos

Apesar de o estudo de francês, alemão ou italiano ainda ser uma estratégia de crescimento valorizada pelo mercado, quem almeja um cargo gerencial - seja dentro ou fora do país - parece já ter entendido que assimilar noções de mandarim pode ser o empurrãozinho que faltava. Principalmente em multinacionais que lidam com empresários e investidores chineses.

A prova de que a corrida pelo aprendizado da língua já começou é o aumento da procura por cursos preparatórios. No Centro de Língua e Cultura Chinesa (Chinbra), tradicional escola de mandarim de São Paulo, a busca por cursos regulares ou intensivos do idioma cresceu 10% no ano passado, em relação a 2009. Este ano, o aumento foi de 20%. Ou seja, 32% em dois anos.

- Recebemos muitos administradores, engenheiros e profissionais de relações internacionais que representam suas multinacionais na China - conta Liang Yan, vice-diretora da Chinbra, que tem parceria com grandes empresas, como Petrobras, Bunge e Gerdau. - Montamos turmas personalizadas para as organizações e também indicamos alunos que falem o mandarim para vagas que exijam esse perfil.

A engenheira de produção Vivian Carvalho, funcionária da sede da L’Oréal, em Paris, ainda não fez um curso de idiomas com foco na sua área, mas sabe que falar vários idiomas é essencial para o seu crescimento. A profissional brasileira trabalha com o desenvolvimento técnico de novos produtos e lida, diariamente, com fornecedores e parceiros estrangeiros. Fluente em inglês, francês e alemão, além de ter noções de espanhol, ela agora pensa em fazer aulas de mandarim.

- Na Europa, a China é vista como o mercado do futuro. Trabalhar lá, bem como em outros países do Bric, se tornou obrigatório para gerentes que querem dar um salto na carreira.

Os chineses chegaram

O aluno Gil (小九) do OiChina nos mostou a revista, apesar de o artigo ser do ano passado, é interessante ler:


Revista Exame / Edições 0970 Abril 2010




Esqueça os americanos, os espanhóis e os alemães. Neste ano, os chineses deverão ser os maiores investidores estrangeiros no Brasil. Como se preparar para a chegada desse dinheiro - e para um novo tipo de capitalismo.

Em sua marcha rumo à vice-liderança da economia global, a máquina chinesa não para de assombrar - e parece ter chegado a vez dos brasileiros de sentir sua força. Nos últimos meses, o Brasil tornou-se destino do capital chinês. Com muito dinheiro e apetite para investir, companhias apoiadas e incentivadas pelo governo de Pequim despejaram mais de 10 bilhões de dólares na aquisição de campos de petróleo, minas de ferro, terras para o plantio de soja e ativos de energia elétrica - e tudo indica que seja apenas o começo.

De janeiro a maio, os chineses anunciaram investimentos no Brasil equivalentes a mais de dez vezes o volume de recursos que trouxeram para o país em toda a sua longa história. Os negócios impressionam. A siderúrgica Wuhan Iron & Steel, uma das maiores do setor na China, comprou 21% da mineradora MMX, do empresário Eike Batista. A mineradora Honbridge investiu 400 milhões de dólares no projeto Salinas de minério de ferro, da Votorantim em Minas Gerais, e se comprometeu a investir 3 bilhões de dólares no projeto até 2013.

A Sany Heavy Industries aplicará 100 milhões de dólares em uma fábrica de guindastes e escavadeiras no interior paulista. Isso sem contar dezenas de investimentos menores que não entram nos radares de consultorias e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e intenções de grandes grupos, como o China Investment Corporation (CIC), poderoso fundo soberano do país que tem 300 bilhões de dólares para investir. O presidente do CIC, Gao Xiqing, anunciou recentemente que o Brasil está entre suas prioridades e receberá mais dinheiro do que a Europa. "Uma frase sobre o momento atual: sai da frente que lá vem chinês", diz Eike.

"Há muitas oportunidades no Brasil, principalmente com as obras que serão feitas para a Copa de 2014 e para a Olimpíada de 2016", diz John Li, diretor- geral da subsidiária brasileira da Sany. Outras indústrias, como Lenovo, de computadores, e ZTE, de equipamentos para telecomunicação, já produzem há alguns anos no Brasil. A Haier também negocia a instalação de uma fábrica aqui. A presença de tantas empresas chinesas abriu espaço no setor de serviços. O Bank of China, maior banco comercial do país, inaugurou uma agência no Brasil no ano passado com o objetivo de atender empresas chinesas que começam a chegar por aqui e para atender brasileiros que querem fazer negócios na China. "A maioria das companhias chinesas que têm interesse no Brasil é cliente do banco na China e isso facilita o relacionamento", afirma Zhang, do Bank of China. A filial brasileira do HSBC, banco que tem sede em Hong Kong, abriu em março um escritório na China para buscar clientes que têm intenção de investir no Brasil. "Tentamos ser uma ponte para que os empresários chineses entendam melhor algumas peculiaridades brasileiras", diz Henrique Vianna, diretor da mesa de operações de América Latina do HSBC em Xangai.

A dificuldade de adaptação dos chineses a um ambiente tão diferente do asiático, por sinal, é um fator que postergou a entrada de investidores no Brasil. Por afinidade cultural, antes de se voltarem para o Ocidente, os chineses invadiram praticamente todo o sudeste da Ásia, onde havia maior identificação. Os maiores problemas no Brasil, dizem os chineses, são a língua, a cultura e os sistemas legal e tributário. "São questões que afetam todo o negócio, desde a definição do design dos produtos para o mercado até a obtenção de licenças para a construção de uma fábrica", diz Zou Zongshen, presidente mundial e fundador do grupo que leva seu nome. Para contornar o problema, Zongshen associou-se ao empresário local Cláudio Rosa, ex-sócio da Sundown. "Isso nos permitiu economizar tempo e nos livrou de muita dor de cabeça."

Há também muita desconfiança por parte dos chineses, que querem rever contratos diversas vezes antes de assiná- los, repetem os mesmos questionamentos e demoram muito tempo para fechar negócios. "São obstáculos que temos de superar. O brasileiro não vai mudar seu jeito de ser nem vai passar a falar mandarim", diz Li, da Sany. A empresa, que fatura cerca de 5 bilhões de dólares anualmente, planeja dobrar de tamanho no Brasil nos próximos anos. Para isso, contratou 30 brasileiros, que estão aprendendo mandarim e inglês e passarão uma temporada na China. E também trará 20 gerentes da matriz para ficar um ano no Brasil conhecendo a cultura local e aprendendo português. O modo de a Sany operar lembra uma característica do avanço chinês - diferentemente de outros impérios no passado, há pouco ou nada de ideologia em sua conquista do mundo. Os chineses estão aqui para fazer negócios, não para impor seu modo de vida. O jeito com que negociam é, sem dúvida, diferente de tudo o que conhecemos. Precisamos aprender - e já - a tirar o melhor de uma invasão que parece irreversível.