sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Como cheguei à China...

Texto escrito por Helena Floresta (à esquerda)
Psicóloga, aluna do OiChina


A China sempre me fascinou, país misterioso, povo enigmático, cultura milenar, berço de tantas invenções. Desde muito pequena ia a um show de um mágico chinês – ou supostamente chinês – que metia medo nas crianças.

Nunca imaginei ir à China. Há poucos anos um médico dizia da melhor forma de exercício mental para manter a saúde do cérebro ao envelhecer: aprender uma coisa nova, bem diferente de tudo. Sugeria um instrumento musical, ou uma língua nova.

Que poderia ser mais novo e diferente que aprender chinês?

Comecei assim, meio de brincadeira. E aos poucos fui me dando conta do desafio – aprender chinês: possível ou impossível?

O antigo fascínio pela China aliou-se à curiosidade por este país que ocupa cada vez mais o cenário do mundo.

Marcamos uma viagem à China – 10 de outubro a 10 de novembro. Chegamos por Shangai. Ao ouvir a voz do piloto anunciando o pouso tive um momento de excitação e apreensão.

Como será passar um mês na China????

Havíamos contratado uma viagem com guia pelo interior. No escuro, pela internet. Nas grandes cidades optamos pela liberdade.

1 - Shangai – uma semana numa cidade linda, uma grande metrópole, poderia estar em qualquer lugar do mundo desenvolvido.

2 – Avião para Guilin. Já do avião começo a ver as formações dos picos que margeiam o rio Li. Um guia nos esperava pontualmente, simpático, atencioso. Guilin é um encanto de cidade. O passeio noturno pelo canal interno é uma festa para os olhos. O passeio pelo rio, LINDO!!!

3 - De Guilin para Xian e a assombrosa visão dos guerreiros de terra cota. Outro guia nos esperava, muito bem informado, tão atencioso ou mais que o outro. No nosso dia livre – único dia de muita chuva – levou-nos ao templo de Confúcio, tranquilo, longe dos turistas. Na saída para Luoyang, um grande receio: pegaríamos o trem-bala, sozinhas, com bagagem e um minuto apenas para saltar na estação certa. O guia mobilizou todo o vagão. Éramos as únicas ocidentais. Passamos por várias estações, todas ultramodernas, bem cuidadas, bonitas. E estas não eram cidades turísticas. Na hora de saltar vieram nos ajudar, veio gente até de outro vagão.

4 - Luoyang – muito frio, como guia uma moça sempre muito gentil. Cavernas dos 10.000 Budas, um cenário lindo. Passeio pelas montanhas, a impressionante floresta de pagodes, a pequena cidade onde meninos e meninas se espalham pelas inúmeras escolas de kung fu.

5 – Beijing – a esta altura já começo a ter certeza de que vou sentir muita saudade da China. Até então só vimos coisas lindas, pessoas acolhedoras e muito gentis.

Agora ficaríamos quase duas semanas sem a proteção dos guias, por nossa conta, com a chegada de mais um amigo. Tinha ouvido dizer que deveríamos ter chegado por Beijing e saído por Shangai que era muito mais bonita. É fato que gosto não se discute – e para mim, Beijing é a cidade mais bela que já vi.

Demos sorte: 14 dias de céu azul com um friozinho delicioso.

Logo depois do almoço corremos para a Cidade Proibida. Já ia fechar. Entramos num parque do lado de fora onde há uma atmosfera mágica, paga-se 2 yuan (equivale ± a 50 centavos) para sair do mundo. Antonio, que acabava de chegar do Brasil, ficou deslumbrado. Parece que a beleza do lugar ajudou-o na dureza da adaptação do fuso.

No dia seguinte, pela manhã, Cidade Proibida. Sempre tive vontade de conhecer. Jamais poderia supôr o impacto que me causaria. Passamos pela entrada e ao depararmos com o primeiro pátio, caiu o queixo de nós três. Ficamos diante de algo que tem de ser visto. É difícil encontrar palavras que possam descrever. Passamos 3 dias lá dentro. Foi demais? Não, pelo contrário.

A partir daí, todo dia uma descoberta, cada uma mais extraordinária, nesta cidade que me deixou a mais bela das recordações. O Palácio de Verão, a Muralha, o Templo do Céu, o caminho das grandes estátuas por onde passava o corpo do imperador.

E entramos na modernidade: o Grande Teatro Nacional. Ultra moderno, LINDO, LINDO, em perfeita harmonia com a China antiga, todo feito de material chinês exceto a madeira que veio do... Brasil. Fomos a 3 concertos em 3 diferentes salas, todas maravilhosas.

Bom, a impressaõ que tive da China?

Me senti em casa. Parece que há mais afinidade entre os chineses e os brasileiros que entre os brasileiros e os europeus. Acolhedores, gentis, sempre dispostos a ajudar e muito pacientes...

Foi um mês maravilhoso, até me acostumei a beber água quente e passei a gostar comer de pauzinho ainda não sei bem mas quando foi necessário, consegui. Para mim, a China só tem um GRANDE defeito...é muito LONGE... se fosse mais perto iria lá 3 ou 4 vezes por ano.

Voltei com uma grande admiração por este país tão cheio de problemas e parecendo ter uma enorme garra para resolvê-los. Em cada esquina há um cartaz falando da importância da educação e do aprendizado. Os jovens se aproximam pedindo uma entrevista para a escola. Todos com quem conversei diziam com muito orgulho: meus avós passaram muita fome e muito frio. Sei que isto nunca acontecerá com nossos filhos .

Espero que consigam entrar nas coisas boas da modernidade sem perder o vínculo com um passado único que deve continuar sendo seu grande tesouro.

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